Uma (quase) fábrica da Intel no Brasil
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Uma (quase) fábrica da Intel no Brasil

intel_thomas_rampone_big.JPGUma das piadinhas internas favoritas deste Zumo é perguntar pro pessoal da assessoria de imprensa da Intel no Brasil quanto tempo demora, em uma coletiva, pra sair a primeira questão sobre uma possí­vel fábrica de semicondutores no paí­s. Até então, a resposta sempre foi “não, não temos planos”. E com razão – como diz o Nagano, montar uma fábrica de chips não é só montar uma estrutura e começar a fazer processadores lá dentro.

Hoje a coisa mudou um pouquinho. Mas ainda não é uma fábrica de chips.


intel_d945gcnl.jpgEm parceria com a Digitron, em Manaus, a Intel vai fabricar placas-mãe (modelo D945GCNLBR – imagem í  esquerda) no Paí­s. É uma estratégia modesta, feita para não brigar com os produtos feitos pela própria Digitron (e vendidos com a marca Gigabyte), mas para marcar território (um pouco mais, na verdade) da Intel na área de motherboards. Não coincidentemente, a Digitron recebeu em 2005 investimentos da Intel Capital, braço de venture capital da empresa de Santa Clara.

Por que estratégia modesta? A previsão inicial é produzir 500 mil placas em 2008 – mas a própria Digitron/Gigabyte tem capacidade de produzir 1,2 milhão de placas ao mês em Manaus.

Números enormes: 10 milhões de dólares em investimentos na nova fábrica em Manaus, 2 milhões de dólares em investimentos na linha de produção para Intel, previsão de redução de 20% no preço das placas-mãe com marca Intel, que começam a chegar í s lojas em meados de dezembro.

A produção de placas-mãe será ampliada durante 2007 com novos modelos. E já foram criados 200 novos empregos com essa linha de produção exclusiva para Intel. Sobre a fábrica de semicondutores, bem, quem sabe, um dia…

Nagano comenta: Para entender esse anúncio, é importante conhecer primeiro, qual é a estratégia da Intel para suas placas-mãe já que, curiosamente, não é exatamente quebrar os fabricantes de Taiwan.

A idéia por trás desses produtos foi sempre de oferecer rapidamente para o mercado uma plataforma de hardware certificada pela empresa para que os integradores assimilem, no menor espaço de tempo possí­vel, as novas tecnologias criadas pela Intel, dando assim tempo para que seus parceiros fabricantes de placas desenvolvam seus projetos. Assim, as placas-mãe da Intel nem são as mais cheias de recursos, cromados e acessórios, mas são sempre as primeiras em inovação e reconhecidas por um alto padrão de qualidade e confiabilidade no seu funcionamento.

Segundo Oscar Clarke, gerente-geral da Intel Brasil, o público-alvo desse produto são os atuais canais de distribuição e parceiros Intel que hoje já trabalham ou consomem placas importadas, e que agora podem ter acesso a um produto mais em conta (~US$ 80) devido í  produção local e que deve chegar ao mercado já em meados de dezembro de 2007.

Sob esse ponto de vista, a placa D945GCNLBR foi escolhida a dedo para ser o produto inicial, já que ele é uma solução do tipo tudo-em-um bastante flexí­vel com áudio e ví­deo integrados, rede Gigabit Ethernet, 8 portas USB, suporte para discos SATA, EIDE, PCI, PCI-E x1 e até PCI-E x16 para placas gráficas de última geração e que aceita desde o Celeron, passando pelo Pentium 4, Pentium D e até mesmo Core 2 Duo.

Depois dela, outros modelos serão anunciados durante o próximo ano.

Clarke se mostrou muito entusiasmado, afirmando que esse é um primeiro passo de uma iniciativa inédita que está sendo observada com muita atenção pela matriz da Intel nos EUA. Se bem sucedida, o próximo passo pode ser a produção e exportação de placas-mãe para outros paí­ses da região e, quem sabe, outras coisas mais interessantes no futuro, concluiu o executivo.

Quando perguntei para ele – numa conversa reservada – se nesse futuro ele veria algo feito de Silí­cio, ele me encarou do alto de seus quase dois metros de altura, e me respondeu com um sincero, alegre e totalmente indecifrável sorriso.

(Maldito dia que matei aquela aula de leitura de mensagens subliminares).

Escrito por
Henrique Martin
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