Qualcomm quer futuro com mais relógios inteligentes
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Qualcomm quer futuro com mais relógios inteligentes

Pós-MWC 2019 – A Qualcomm acredita que relógios inteligentes vão desempenhar funções mais pessoais e específicas (como pagamentos) em um futuro próximo. Em uma mesa redonda no MWC com a Montblanc, deu para entender um pouco essa visão.

Montblanc Summit 2

Na verdade, a ideia da conversa era pra falar um pouco sobre o Montblanc Summit 2, o mais recente (e lindo) relógio inteligente da marca alemã lançado no final de 2018. Seu preço sugerido inicial fica em torno dos US$ 1.000 no exterior e, no Brasil, entre R$ 4.365 e R$ 5.400, dependendo do modelo.

O Summit 2 roda Android Wear OS, tem 8 GB de armazenamento interno, GPS, NFC, resiste a 5ATM/50 metros embaixo d’água e diversas opções de caixas e pulseiras.

Felix Obschonka, diretor de novas tecnologias na Montblanc, e Pankaj Kedia, diretor sênior da área de Smart Wearables na Qualcomm, estavam presentes na sala. Só que como não tinha exatamente uma pauta – e muita gente ali na sala parecia que só conseguiu uma pausa pra descansar sentado um pouco em meio ao caos do evento – aproveitei e acabei guiando parte da discussão.

Kedia contou um pouco sobre o histórico da Qualcomm com os dispositivos vestíveis. Desde 2016, a empresa vem lançando processadores da linha Wear (1100, 1200) e, segundo o executivo, “perguntou aos clientes tudo que eles queriam em uma plataforma de relógios” para trazer recursos ao Wear 3100, lançado em setembro de 2018 – e que está presente no modelo da Montblanc.

E o 3100 foi, então, desenvolvido pensando nesse retorno de três pilares principais:

  • É algo tecnológico, mas precisa ser bonito, já que é um item de moda.
  • A bateria não deve acabar em menos de um dia – e se viajar e esquecer o carregador, ativar recursos de emergência que permitam funcionar como relógio por uma semana ao menos.
  • Manter a atualização de software com novas funcionalidades ao longo do tempo.

“No mundo da moda, a tendência número 1 é a tecnologia. A Montblanc tem uma herança clássica nesse universo e não pode evitar a tecnologia para não se tornar obsoleta”, disse Obschonka, da Montblanc. “E hoje no mercado temos muitos relógios que não são… relógios de verdade. No nosso não usamos um corpo plástico, temos a caixa em aço inoxidável, vidro de safira na frente, couro italiano para as pulseiras”, afirmou.

Quem compra um relógio inteligente hoje?

De acordo com o executivo da Qualcomm, são dois perfis de consumidor distintos. Um mais tradicional, que procura a beleza de um relógio que mostre o tempo, mas também possa fazer mais coisas.

E tem também um novo perfil, que é a pessoa que já usa um smartphone bastante e precisa de um complemento, algo que o permita deixar o telefone de lado. “Os números variam de marca para marca, mas percebemos que algo entre 60% e 70% dos compradores estão nesse novo perfil. Se formos comparar com Apple e Huawei, por exemplo, esse número é ainda maior”, disse

Qual o desafio de transformar um relógio em inteligente?

O executivo da Montblanc respondeu de forma muito sincera. “São muitos desafio com certeza. Mais do que imaginávamos. A gente vem de um mundo de engrenagens e passou a trabalhar com telas e sensores minúsculos, tivemos que mudar nossos conceitos de design”.

O primeiro Summit saiu em 2007. O executivo da Montblanc respondeu de forma muito sincera. “São muitos desafio com certeza. Mais do que imaginávamos. A gente vem de um mundo de engrenagens e passou a trabalhar com telas e sensores minúsculos, tivemos que mudar nossos conceitos de design”.

“Para a segunda geração, tivemos que progredir no sentido da miniaturização. Entendemos que o formato ideal é com uma tela circular, ajustando o design de um modo que as pessoas usem”, afirmou Obschonka.

“Tamanho, bateria, conectividade e sensores são essenciais para inovação nesse mundo. A primeira geração tinha Bluetooth e Wi-Fi, hoje tem 4G, NFC, GPS. Alguns relógios chegam a ter sete rádios internos, o que é tecnicamente muito complicado colocar em um dispositivo tão pequeno”, completou Kedia, da Qualcomm.

“Parceiros como o Google ajudaram na inovação da experiência do usuário, mas sabemos que estamos colocando a pedra fundamental nessa construção. E clientes como a Montblanc ajudaram a construir mesmo o produto”, finalizou.

O futuro dos smartwatches

“Temos que manter a constante. As coisas ficam menores, têm maior desempenho, consomem menos bateria. O que temos hoje em um smartwatch é equivalente ao poder de um smartphone de quatro anos atrás. É preciso continuar a inovação nos vetores principais – tamanho, energia, sensores, conectividade”, disse Kedia.

“Se pensarmos em um horizonte de dez anos, por que não ter mais itens conectados. Em vez do celular contar passos, por que o seu tênis não faz isso? Ou seu óculos não serve como headset para fazer ligações. Existe todo um segmento de vestíveis tecnológicos a ser explorado, já que é algo que o pessoal da moda quer, dos esportes também. Mas imagine aplicações educacionais para crianças na sala de aula, controladas pelo relógio. Ou monitoramento de idosos. Se você usar algo, melhor que esse algo seja diferente e desempenhe uma função diferente. E se conseguimos imaginar algo novo, vamos construir isso.”

Já Felix Obschonka, da Montblanc, entende que “o mais importante é que um relógio está sempre no seu corpo, coletando dados de batimentos cardíaco e outros sensores. No futuro, isso vai ser muito importante. E tem coisas que poderemos fazer mais com o relógio, como levar toda sua carteira para dentro dele – é algo pessoal e que se torna um exemplo perfeito, já que o smartphone não necessariamente é a experiência mais segura. E, claro, vamos ter mais processamento e baterias que duram mais, sempre com uma direção para o mundo da moda e luxo”, concluiu.

Veja também (como esse mercado não andou muito desde 2014):

https://interfaces.news/intel-mica-wearables/


Escrito por
Henrique Martin