Dossiê Huawei na China – onde nascem os smartphones

Dossiê Huawei na China – onde nascem os smartphones

3) Linha de produção e a Europa da Huawei

Huawei Factory Songshan Lake - China (fotos-divulgação)

Ainda em Shenzhen, uma das paradas foi no subúrbio de Songshan Lake, onde 20 mil funcionários da Huawei produzem equipamentos da unidade de consumo. Visitei a linha de produção dos smartphone da série P20 – por motivos de segurança, fotos não foram permitidas – todas as imagens da fábrica e do centro de pesquisas são de divulgação.Huawei Factory Songshan Lake - China (fotos-divulgação)

Já visitei mais fábricas na vida que o necessário – em tecnologia, os processos são todos muito parecidos: monta a placa principal, cola/solda/funde componentes, segue para inserção manual de partes maiores, junta com a tela, testa, embala, despacha.

Huawei Factory Songshan Lake - China (fotos-divulgação)

Em Songshan Lake, tive a sensação de que tem coisas a mais ali, começando pela entrada na linha de produção: primeiro você pisa em um adesivo para remover qualquer resíduo no sapato (que não vai passear na linha de produção), segue para uma sala para colocar casaco, boné e sandálias de borracha, pisa em uma espécie de esteira molhada para lavar a parte inferior da sandália, depois passa pelo detector de metais.

Huawei Factory Songshan Lake - China (fotos-divulgação)

Celulares dos funcionários lá dentro? Vi apenas um dumbphone nas mãos do que parecia um supervisor falando em uma das janelas dos escritórios.

A linha de produção começa no PCB – que é produzir o circuito impresso da placa-mãe do P20. São sempre produzidas duas placas ao mesmo tempo, primeiro um lado, sai da máquina, um robô equipado com sensores (e toca músicas para anunciar sua presença aos humanos) leva de volta para o início, depois é montado o outro lado, então as partes são cortadas.

O que me impressionou aqui foi o alto nível de automação, que insere componentes grandes no final do processo, como o chipset Kirin 970 e a unidade da câmera. Deu a entender que mãos humanas só aparecem no processo de fabricação na hora de juntar a tela – placa – bateria – carcaça.

Depois do PCB, segue a fase de FAT (montagem final e testes), também altamente mecanizada, para chegar na embalagem e preparar para distribuição. No total, são 20 pessoas trabalhando por linha de montagem, e contei pelo menos 15 linhas paralelas naquela parte do andar da fábrica, e o processo de montar um P20 leva dois dias.

Por mês, cerca de 2 milhões de smartphones podem sair da fábrica de Songshan Lake. A Huawei diz que adota um padrão de “defeito-zero” que barra unidades defeituosas de seguir durante a linha de produção.

E que os funcionários trabalham em turnos de 8 horas, com intervalos de 10 minutos a cada duas horas, período de 1h30 para almoço/soneca e uma taxa de turnover (leia-se: gente que se demite) de empregados abaixo de 5% – o que seria muito abaixo da média das fábricas de smartphones na região.

Depois da fábrica, visitei o mais novo campus da Huawei, chamado Ox Horn, também na região de Songshan Lake. Foi a coisa mais doida – pensando em arquitetura/engenharia – que já vi na China depois do túnel psicodélico de Shanghai.

Não entrei em nenhum prédio, mas fiz o tour de trem (dois modelos, um importado do Japão e outro da Suíça) pelos 12 edifícios com arquitetura inspirada em cidades europeias.

Parecia um passeio pela Disney, só que em vez de atrações, edifícios corporativos inspirados em Paris, Heidelberg ou Londres. Ao lado da minicidade, a Huawei está construindo diversos prédios residenciais para alugar (US$ 60/mês) aos funcionários que vão trabalhar ali.

Próximo item: laboratórios de pesquisa & demos de produtos

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Escrito por
Henrique Martin
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