Harmony OS: um passeio pelo novo “sistema”
Início » SMARTPHONES » Harmony OS: um passeio pelo novo “sistema”

Harmony OS: um passeio pelo novo “sistema”

RESUMO

Baixei uma atualização de sistema e instalei o Harmony OS no Huawei Mate 30 Pro. Spoiler: é Android disfarçado.

A Huawei lançou no mês passado o Harmony OS 2 em sua primeira versão pública. Como ainda tenho um Mate 30 Pro encostado na gaveta aqui em casa (foi o que usei nos testes se dava para viver sem Google no ocidente), recarreguei a bateria do smartphone e chequei se tinha atualizações de sistema. Achei 6GB para baixar e instalar.

Vale notar que esse Mate 30 Pro foi doado pela Huawei e não é uma unidade comercial – o sistema e suas atualizações vêm direto da China. Teoricamente donos do P30 Pro vendido no Brasil antes do banimento de Donald Trump terão seu aparelho atualizado em algum momento para o Harmony.

Para assinar a newsletter INTERFACES clique aqui e receba o melhor da tecnologia por e-mail toda sexta-feira de manhã, com a nossa curadoria e análise.

Mas 6GB baixados depois, uma constatação óbvia: o Harmony OS ainda é uma skin em cima do Android, quer dizer, do AOSP (Android Open Source Project) usado pela Huawei. Isso está na cara do sistema, na interface principal, nos comandos e configurações e até mesmo quando conecto o Mate 30 Pro a um notebook. O pessoal do XDA Developers já tinha cantado essa bola.

Tem novidades? Tem, sem dúvida. A ideia aqui não é julgar se é bom ou não que o Harmony seja um sistema operacional independente – pode até ser algo feito do zero para dispositivos de internet das coisas. Tem recursos diferentes? Sim, do mesmo modo que a Samsung tem coisas exclusivas (como a Bixby, por exemplo).

A tela inicial parece muito similar ao que tinha antes no Mate 30 Pro, com algumas novidades: um widget de Sugestões da Celia (a inteligência artificial/assistente digital da Huawei) e um ícone para o MeeTime, o novo FaceTime proprietário da marca. O widget da Celia alterna a todo momento sugerindo apps para eu usar.

No geral, a navegação é a mesma: uma bandeja de aplicativos…

…configurações na mesma ordem do velho Android…

…mas agora com o pedigree do HarmonyOS.

As integrações de IA da Huawei – como o Huawei Assistant, a Celia e comandos de voz estão lá também, com vários recursos integrados.

Mas algumas coisas ficam restritas ao consumidor chinês por enquanto:

(em uma tradução muito livre via câmera do Google Tradutor, “pequeno arte, pequeno arte”)

Ao falar do Harmony, a Huawei destaca que o sistema vai “empoderar a interconexão e colaboração entre dispositivos inteligentes”. E talvez esse seja o recurso mais promissor (e que me deixa curioso) do Harmony: ter uma plataforma de aparelhos (Huawei, claro) interconectados. Meio que a Apple já faz entre iOS/Mac OS e a Samsung com Android e Windows.

Ainda na questão de “é Android ou não?”, conectei o Mate 30 Pro com Harmony ao meu Macbook Pro velho de guerra e…

…abriu o Android File Transfer.

Fui descarregar as capturas de tela na pasta Pictures e… veja bem, não sou eu que estou dizendo 😉

Moral da história: não dá ainda para dizer que o Harmony OS é um “sistema operacional completo”. É um Android bonito, mas ainda é Android. A conferir quando dispositivos de internet das coisas forem lançados com o Harmony de verdade.

Bônus: rodando Google Apps (com um risco)

Navegando pela App Gallery, a loja de aplicativos oficial da Huawei, me deparei com algo chamado Gspace:

Mas… como? O Google Mobile Services detecta qual aparelho você está usando e, no caso do Mate 30, o aparelho é bloqueado (não dá para instalar nada de GMS de forma oficial).

O Gspace é pago – bem caro por sinal, quase R$ 100 para a licença vitalícia – e emula ser outro aparelho (Mate 20!) para enganar sutilmente as restrições. Consegui rodar o Gmail (com uma conta nova, porque tenho preocupações em relação à segurança dos meus dados dentro de um aplicativo de terceiros) e instalar o Uber.

Mas essa é a segunda tela – a primeira (com Gmail) o app não me deixou capturar a imagem (?). E a versão free vai te encher de anúncios toda hora. Argh.

Escrito por
Henrique Martin
1 comentário