Uma viagem pela história dos Galaxy S – parte 1
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Uma viagem pela história dos Galaxy S – parte 1

A linha de smartphones Galaxy S, da Samsung, completa dez anos em 2019, com o anúncio do Galaxy S10 em San Francisco na próxima quarta (20).

Como estou velho tenho bastante tempo de estrada, o Galaxy S é um produto que posso dizer que acompanho desde o começo – e estive no anúncio de muitos deles. E é muito legal fazer essa recapitulação da história da tecnologia.

A primeira parte vai do lançamento do Galaxy S, passa pela ascensão dos SII e SIII, a soberba do S4 e a queda do S5.

Minha primeira lembrança de ver a Samsung como fabricante de telefones foi em 1999. Eu tinha um Motorola StarTac em um mundo CDMA ainda sem SIM cards e opção de troca fácil de aparelho.

Celular ainda era sinônimo de status e eu usava pouco, muito pouco. Mas era repórter do caderno Informática da Folha de S.Paulo e começava a ter contato com novas tecnologias – na época, o caderno era 90% cobertura de internet (leia-se novos sites) e 10% outras coisas (software, hardware). Tinha ainda o bug do milênio (que instaurou um medo inexistente nas pessoas e empresas), que rendia três a cada quatro matérias de capa.

Na época, lembro do dia que a Samsung foi até a redação do jornal para uma entrevista e a repórter ficou entusiasmada com alguma coisa do aparelho novo (nem lembro o que era), um celular flip qualquer (tela colorida, talvez?).

A tecnologia GSM chegou um tempo depois e de vez em quando a Samsung entrava em contato (via agência de relações públicas) pra contar as novidades – mas TVs e eletrônicos de consumo em geral, até então, sempre eram o assunto principal.

O iPhone veio em 2007, o Android demorou a chegar ao Brasil em 2009 (lembro da tonta briga pelo “primeiro Android a ser lançado aqui” entre HTC, Samsung e… Huawei!) e a Samsung já ensaiava um apoio maior ao Android. Em 2009, Galaxy disputava espaço com o estranho Samsung Jet, com sistema proprietário.

E, certo dia sem muita importância, a Samsung mostrou um novo aparelho, o Galaxy S, em maio de 2010, rodando Android 2.1. Era a pré-história do smartphone moderno.

Resumi abaixo o que escrevi na época de cada lançamento, com impressões e opiniões entre aspas. As anotações em laranja são comentários atualizados sobre a Samsung e o mercado de smartphones.

Galaxy S

Anúncio: 23/03/2010
Local: CTIA Wireless, feira de telecom em Las Vegas.

Com uma tela AMOLED monstro de 4″ (800 x 480), o Galaxy S é bem parecido com o Wave (que roda o mítico sistema operacional Bada), mas com Android 2.1 e processador de 1 GHz, e se mostra um forte concorrente pro Google Nexus One (3,7″).”

O Galaxy S chegou ao mercado brasileiro meses depois, em 03 de agosto, junto a outros dois smartphones, o Galaxy 5 e o Galaxy 3. A surpresa do lançamento local foi a inclusão de um sintonizador de TV digital nele.”

No Brasil, preço de lançamento: R$ 2.399.

Hands-on: Galaxy S

“Definitivamente, não é um aparelho para pessoas com mãos pequenas”.

Galaxy S II

Galaxy S II e o Google Translate (!)

Anúncio: 13/02/2011
Local: Mobile World Congress, Barcelona

Foi o meu primeiro MWC – curiosamente, a convite da Samsung. Lembro de ter ficado em um hotel longe pra diabos, fora da cidade, e, se perdesse o ônibus oficial da feira todo dia, ficaria preso por lá (idem para a volta, que dava uns 80 euros de táxi!)

O Galaxy S II foi anunciado junto ao Galaxy Tab 10.1, na época que todo fabricante de smartphone queria lançar um tablet Android (e posteriormente falhar). No evento, J.K Shin, então presidente da Samsung Mobile, anunciou que o Galaxy S vendeu 10 milhões de unidades em todo o mundo”.

A Samsung diz que o Galaxy S II vem com diversos recursos para uso no mundo corporativo, como integração com Microsoft Exchange ActiveSync e acesso a redes Cisco (VPN e WebEX). A conectividade do Galaxy S II fica por conta de redes GSM e HSPA+ (ainda inexistentes no Brasil), Wi-Fi e GPS. O preço do aparelho, que terá versões de 16 GB e 32 GB, não foi divulgado, nem sua data de lançamento.”

Galeria de fotos do lançamento do Galaxy S II

Bônus track: no mesmo MWC a Samsung anunciou um Galaxy S sem… recursos de celular, o Galaxy S Wi-Fi 5. Uma espécie de iPod touch com Android.

No Brasil, preço de lançamento, R$ 1.999 – numa época em que todo smartphone mais avançado tinha esse preço alto.

Review: Galaxy S II

Existem poucos smartphones que reúnem o melhor (ou quase) dos recursos disponíveis em hardware e software. É o caso do Samsung Galaxy S II, que em uma só peça muito fina oferece uma tela enorme, câmera excelente, sistema operacional de última geração e uma interface muito bem afinada.

Bônus track 2: Foi no Galaxy S II que começou a onda de inúmeras variantes de Galaxy – era o aparelho “topo de linha” mas a Samsung espalhou o nome para todos os aparelhos. Um dos mais importantes dessa era foi o S II Lite, que teve um dos reviews mais lidos de todos os tempos na história deste humilde site.

Ainda em 2011, a Apple iniciou uma série de processos judiciais em todo o mundo contra a Samsung (e muitos outros fabricantes) por quebra de patentes, incluindo a acusação de cópia de design do iPhone (vencido pela Apple só em 2018). Essa guerra de patentes foi um dos motivos que levou o Google a comprar a Motorola, por sinal.

Galaxy S III

Anúncio: 03/05/2012
Local: evento em Londres (vi por streaming)

O novo (e esperado) Samsung Galaxy S III foi anunciado hoje em Londres. Ao abrir o keynote, JK Shin, presidente da divisão de celulares da Samsung, disse que “o aparelho foi cercado de rumores, alguns certos, outros errados”. Movido a Android 4.0, o aparelho vem cheio de inovações da Samsung para tornar seu uso mais intuitivo e fácil, incluindo comandos por gestos e voz. No Brasil, o Galaxy S III tem previsão de lançamento no começo de junho, de acordo com a subsidiária local.

Review: Galaxy S III

No Brasil, preço de lançamento: R$ 2.099.

Com hardware excelente e uma ótima integração de software e sistema operacional, o Samsung Galaxy S III é o aparelho que deve servir de exemplo para os concorrentes como “produto ótimo a ser atingido”. A Samsung segue forte para liderar de vez o concorrido e lucrativo mercado de smartphones, e o S III é só mais um passo nessa direção. Hardware e software integrados oferecem uma incrível experiência ao usuário. Isso, claro, tem seu preço alto – desbloqueado, o S III tem o valor sugerido de R$ 2.099. É um topo de linha nos Androids, e continuará a ser pelo próximo ano, como já ocorreu com a geração anterior.

Eu, particularmente, não gosto muito da tela gigante, mas não é um empecilho decisor de compra (afinal, o S III cabe bem no bolso da calça e nem faz muito volume), e o design nem sempre agrada à primeira vista. De qualquer modo, indicamos sem medo a compra do Samsung Galaxy S III.

No final de 2012, a Samsung anunciou que já tinha vendido 30 milhões de Galaxy SIII.

Galaxy S4

Anúncio: 14/03/2013
Local: evento em Nova York (Jô Auricchio, enviado do ZTOP, estava lá)

Para mim, o Galaxy S4 foi o representante da “Samsung ao máximo”, meio que para provar que temos dinheiro, chegamos lá, vamos mostrar pra todo mundo como somos ricos (um tanto de soberba nessa época sim). Foi um evento de mais de duas horas longo, cheio de rococós.

Com o sucesso acumulado a partir do SII e seguido pelo SIII, o S4 (agora com números, não mais numerais romanos) foi o ápice da grana de marketing gasta (tem uma explicação aqui).

“O Galaxy S III provou que a Samsung conseguiu chegar lá. Nada de anúncios em feiras e dividir a atenção com outros fabricantes, vamos seguir a cartilha da Apple e fazer nossos próprios eventos. Não é à toa que, até janeiro, a Samsung disse que vendeu 100 milhões (!) de aparelhos com a marca Galaxy (S, S II e S III) em todo o mundo – sem contar os derivados da marca Galaxy (S II Lite, S II Mini, Express, a linha Note, os tablets etc).

Sim, a Samsung continua participando de feiras internacionais. Estava na CES com TVs gigantes, no Mobile World Congress mês passado anunciou um tablet novo e, ao entrar no “media lounge” (=salinha pra imprensa com café, água e internet), as recepcionistas davam um envelope preto com convite para o evento de hoje à noite (20h no horário local) – ou aula básica de como roubar a atenção de todos no primeiro dia de um evento global.

Marketing + atenção mundial = grande audiência. Só do Brasil, a Samsung levou para Nova York 20 jornalistas/blogueiros (multiplique 20 por passagens aéreas de classe executiva, hospedagem, seguro viagem, refeições, transporte – tudo isso para um evento apenas e dá para ter uma ideia de quanto dinheiro está envolvido no processo – marketing e comunicações, certo?). (atualização 21h45: fez ainda um mega evento de lançamento no Radio City Music Hall e outro público na Times Square).”

Preview: Galaxy S4

“O aparelho na mão parece mais jeitoso que o S III, por causa do formato mais quadrado, dá segurança que não vai escorregar. Ele também não tem a textura “sabonete” do S III.”

O Galaxy S4 nacional virá em dois sabores: 4G global (LTE) pelo preço sugerido desbloqueado de R$ 2.499 (com processador de quatro núcleos Snapdragon 600 de 1,9 GHz) e uma versão 3G (chip Samsung Exynos octo-core) pelo preço sugerido de R$ 2.399, ambos com 16 GB de memória de armazenamento e entrada para cartão de até 64 GB. Vale lembrar que o Galaxy S original custava quase a mesma coisa.

E foi um campeão de híbridos/variantes: a câmera S4 Zoom, uma versão Active mais resistente e até uma Mini Duos.

Galaxy S5

Anúncio: 24/02/2014
Local: Mobile World Congress Barcelona

Nota curiosa: a Samsung, maior vendedora de Androids do mundo (200 milhões de aparelhos Galaxy), lança sua quinta versão de supersmartphone no mesmo dia que a Nokia, que já foi a maior vendedora de smartphones do planeta (mesmo quando eles não eram tão espertos assim) anuncia seus três… aparelhos Android superbásicos.

Voltando à vaca fria, o mantra da noite foi “de volta ao básico”, repetido várias vezes. Ou enxugar a gordura do S4 para algo mais simples e itens mais interessantes/úteis para o consumidor.

O Galaxy S5 traz alguns recursos bem interessantes (uns mais úteis, outros nem tanto) e eu consegui passar algum tempo útil com um nas mãos. Algumas gorduras inúteis (como Samsung Hub, um agregador de coisas de mídia) foram embora. Outras ficaram e foram melhoradas, como o S Health.

Vale mencionar: Processador Qualcomm 4G (pelo menos na variante que mexi, nas especificações originais é um “chip quad-core de 2,5 GHz” – deve ser um Snapdragon 801, câmera de 16 megapixels, vídeos em 4K, 2 GB de RAM, 16/32 GB de armazenamento interno, bateria de 2.800 mAH, USB 3.0, Wi-Fi 802.11ac, proteção IP67 (água e poeira, como os Sony Xperia), tela de 5,1″ Full HD com tecnologia Super AMOLED.

Comparação útil da noite: o Galaxy S5 tem 5,1″ de tela Full HD. O Galaxy Note original tinha 5,3″ com resolução HD. Seu smartphone virou foblet e você nem percebeu em menos de quatro anos.

Chegou ao Brasil na mesma data de lançamento mundial por R$ 2.599, em 11 de abril.

Se o Galaxy S4 era esnobe, o Galaxy S5 foi o início de uma fase mais reclusa da Samsung – as vendas caíram.

O S5 era premium, mas tinha acabamento em plástico (quando o resto do mundo já migrava para vidro e alumínio), a Xiaomi surgiu na China gritando alto (e até hoje é uma dor de cabeça para Apple e Samsung por lá, junto com Oppo e Vivo), o software do S5 vinha cheio de coisa instalada, tinha algo de estranho no reino da Coreia do Sul.

Tinha um cheiro de Nokia no ar com a chegada do iPhone: algo precisa mudar senão vamos ser extintos (a Nokia não mudou, caiu nas mãos da Microsoft e agora é uma marca licenciada para a HMD)

A mudança começou a acontecer lentamente com o S6, no ano seguinte.

Mas mesmo assim, o lançamento do S6 Edge Plus junto ao Note 5 ainda indicavam uma era discreta para a Samsung nos smartphones premium – lembro que o lançamento em Nova York foi para poucos, fez pouco barulho.

Isso ia mudar com o S7. Falo do S6 em diante no post de amanhã.

Escrito por
Henrique Martin