AWS: o que esperar para 2021
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AWS: o que esperar para 2021

RESUMO

AWS imagina um 2021 que serve de preparação para mudanças – e faz previsões em tecnologia.

Contexto

Nas últimas três semanas, o AWS Re:Invent – agora um evento digital (estive na versão presencial de Las Vegas em 2016 e 2019) – mostrou tendências como a nuvem híbrida entre diversos fornecedores e o conceito do “raciocínio aumentado” (augmented reasoning), um próximo passo em aprendizado de máquina e, por consequência, inteligência artificial.

Hoje o dr. Werner Vogels, CTO da Amazon.com, apresentou suas expectativas e previsões para 2021 – já que 2020 foi fora da curva e acelerou uma migração global para o mundo digital para empresas de qualquer tamanho. E essa aceleração neste ano leva a prever que 2021 será uma espécie de preparação / plataforma de lançamento para mais mudança ainda. As previsões de Vogels incluem as principais áreas que vão levar a essa transformação.

São elas:

1) Nuvem descentralizada

Meio óbvio para um fornecedor de serviços de computação em nuvem dizer isso, mas o que Vogels quer dizer é que o poder de computação e armazenamento da nuvem sai dos datacenters urbanos e atinge novas áreas – zonas rurais, florestas e até a órbita da terra. Na prática, a computação de borda (edge computing) vai levar a essa expansão para funções que precisam de latência muito baixa na infra-estrutura – seja para carros autônomos, games ou tradução em tempo real.

2) Internet do aprendizado de máquina

Para dar noção de escala, Vogels diz que hoje geramos mais dados em uma hora do que em todo o ano 2000. E mais dados serão criados nos próximos três anos do que nos últimos 30 combinados. Um exemplo de criação de dados absurda (no bom sentido) neste ano foi o trabalho de cientistas (de laboratório ou de dados), médicos, indústria farmacêutica, governos e instituições médicas usando computação para tentar encontrar ou acelerar a criação de vacinas, tratamentos e outros meios para nos manter saudáveis durante a pandemia.

A solução para entender esse amontoado de informação é usar aprendizado de máquina – com hardware e software (AWS de preferência, claro) trabalhando juntos para trazer resultados mais rápidos. Desse modo, o uso de machine learning em 2021 será ampliado principalmente em governos e indústrias – como encontrar anomalias em linhas de produção em tempo real ou ajudar fazendas a gerenciar recursos em tempo real.

3) Fotos, áudio e vídeo valem mais que palavras

Vogels acredita que o teclado ainda tem seu valor, mas o uso de áudio, vídeo e imagens segue a substituir o texto escrito em 2021 – vide o uso irrestrito de fotos e vídeos no Twitter, por exemplo, que representam 80% das mensagens na rede.

Para a AWS, empresas que querem se manter relevantes devem prestar atenção nas necessidades dos consumidores e suas mudanças de hábito em vez de interações mecânicas – e aqui, a nuvem ajuda na interação com uso de voz (claro que puxando sardinha para a Alexa).

4) Tecnologia digital que muda o mundo físico

Por conta da pandemia de Covid-19, distanciamento social se tornou um padrão para evitar e prevenir infecções – mas vivemos em cidades projetadas para aglomeração, não distanciamento, e a nuvem pode ajudar aqui. Usando análise de dados e aprendizado de máquina, será possível planejar centros urbanos (sejam ruas ou lojas) mais seguros e saudáveis, menos densos e mais eficientes.

Além disso, uma mudança também vai ocorrer: a migração de dinheiro em notas/moedas para uma sociedade com pagamentos sem contato. Menos coisas físicas para encostar, melhor.

5) Aprendizado remoto em alta

Vogels diz que nos últimos anos, vimos mudanças radicais em quase todas as indústrias/mercados, com uma grande exceção: a educação, mas aí o Covid-19 chegou. Ele cita os dados do app Brainly, uma plataforma de ensino remoto:

Crescimento do Brainly nos últimos anos (AWS/Reprodução)

No fim das contas, Vogels prevê que 2021 é o ano para provar que educação remota funciona e que pode ter um impacto positivo e mais persistente no ensino. Fomos forçados a nos adaptar – mas o ensino remoto dá uma flexibilidade para responder a eventos inesperados (seja uma pandemia ou uma tempestade que impede o aluno de chegar à escola).

6) Pequenas empresas vão para a nuvem (e em lugares onde não se espera)

Aqui, a previsão da AWS é de uma mudança geral e massiva no modo que pequenas empresas/negócios usam tecnologia de cloud. Com a chegada de novos fornecedores de serviços e tecnologias específicos para esse nicho – seja para configurar chatbots de atendimento rápido a colocar um CRM simples para rodar, a AWS vê um aumento dos benefícios da nuvem (e suas arquiteturas e aplicações) sem que elas precisem fazer sozinhas.

Vogels diz que somente 47% das pequenas e médias empresas nos EUA têm um site próprio, com um crescimento previsto para o ano que vem. Mas é uma tendência global, e nações do Sudeste Asiático (Indonésia, Filipinas, Tailândia e Vietnã) e da África (Quênia, Nigéria e África do Sul) vão ser pioneiras nessa migração para a nuvem.

7) Computação quântica a caminho

Em 2019, a AWS anunciou o serviço Amazon Braket, uma solução de computadores quânticos na nuvem para uso em muita pesquisa e análise de dados. Ainda é um período de experimentação, mas a AWS vê computação quântica saindo do laboratório e indo para uma experimentação no mundo corporativo. Áreas que devem usar computação quântica: engenharia química, ciência de materiais, descoberta de novos medicamentos, otimização de portfólios financeiros, aprendizado de máquina, entre outros.

8) No céu tem nuvem?

Talvez a previsão mais no chute da AWS, mas a empresa vê que o espaço sideral (sim, o espaço) vai ter grandes avanços em tecnologias de nuvem, trocadilhos à parte. Ainda em 2019 a AWS lançou o AWS Ground Station, “um serviço que permite controlar comunicações via satélite, processar dados e escalar operações sem ter que criar infraestrutura própria” (!).

Dados de satélites já estão sendo usados, diz a AWS, para estudar degelo glacial, proteger reservas marítimas e prever fornecimento de comida. A conferir.

[AWS]
Escrito por
Henrique Martin
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