ARM e AMD: é namoro ou amizade?
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ARM e AMD: é namoro ou amizade?

RESUMO

Jem Davies, vice-presidente de tecnologia da ARM, garante que não existe nada rolando entre as duas companhias.

AMD Fusion Developer Summit 2011 — Nada mais improvável do que vir a um evento da AMD, fabricante de processadores x86, para ver uma palestra da ARM, que licencia sua arquitetura de mesmo nome para diversas outras empresas. Mas aconteceu agora no AMD Fusion Developer Summit 2011, com o keynote de Jem Davies, vice-presidente de tecnologia da ARM, que garante que não existe nada rolando entre as duas companhias.

Como o AFDS11 é voltado basicamente para desenvolvedores de software, Davies passou um pedaço da palestra contando a história da ARM, como a arquitetura evoluiu e sobreviveu até hoje (junto com o x86), das eras da computação (mainframe-PC-mobile-internet das coisas) e, chegou ao ponto em que disse que a Lei de Moore ainda é válida, com restrições – mais notadamente, no campo do gerenciamento de energia.

Até aí, tudo bem, é “evangelismo”. Mas citou possíveis relações entre desenvolvedores de AMD e ARM (“ambas sabem um pouquinho sobre comunidades de desenvolvedores”), benefícios do modelo de negócios da ARM (‘que tal ter um pedaço pequeno da torta que é consumida por milhões no mundo todo’) e da questão de padrões abertos e da computação heterogênea (pontos defendidos pela AMD também no discurso para os desenvolvedores)

Nas perguntas e respostas, uma pergunta da platéia: “quais são os planos da ARM para computação heterogênea?”. Resposta de Davis: “Temos planos similares aos da AMD, fazer GPUS, CPUs. A diferença sutil está no modelo de negócios. A ARM vende componentes, a AMD vende produtos pré-configurados. O timing dos roadmaps é diferente também, em algumas coisas estamos na frente, em outras a AMD está à frente”.

Depois, num encontro reservado com a imprensa, o tema voltou: “Não existe nada de concreto, não estamos anunciando nada”, afirmou, sobre rumores de que a AMD poderia licenciar a tecnologia da ARM para lançar um chip com essa arquitetura.”Existem muitos modos de ser demitido”, brincou.

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Em tempo: Davies ainda louvou a entrada da Microsoft no time do ARM com o Windows 8. A notícia é “muito bem-vinda”, nas palavras de Davies. “Acredito que podemos trabalhar juntos por um bom tempo. O Windows Mobile já usava a arquitetura ARM desde sempre, e é uma área de profundo interesse para a gente. Nosso mercado está se espalhando por todos os sistemas operacionais e formatos de aparelhos”, comentou Davies.

“Estamos presentes em equipamentos microscópicos até telefones, tablets e coisas maiores, era uma anomalia não ter o Windows nesse pacote.”

Nagano comenta: Essa troca de olhares — e até um possível relacionamento —  entre a AMD e ARM parece algo novo (ou até a constatação do óbvio)  mas não devemos esquecer que a AMD já teve produtos muito interessantes no segmento de mobile como processador de mídia Imageon que foi vendida para a Qualcomm e o processador móvel Xilleon (baseado em MIPS) que eles venderam pra Broadcom. Reza a lenda que essas “vendas” e a demora para entregar o Barcelona e o Bulldozer para o mercado foram os fatores que custaram o emprego de Dirk Meyer (ex-CEO da AMD, criador do DEC Alpha e uma das mentes por trás do Opteron) no início deste ano.

De fato, a Intel não fica atrás já que ele vendeu toda a sua linha de processadores baseados em ARM da família XScale e derivados para a Marvell na época em que decidiram que todos os computadores  — de celulares a supercomputadores — deveriam falar um único dialeto: x86.

Agora é correr atrás do atraso…

Escrito por
Henrique Martin
7 comentários
  • Como diz um amigo meu, dono de uma empresa de engenharia, "eu como o que as grandes empresas deixa e vou indo…" acho que é mais ou menos o que a ARM sempre fez muito bem e está mais presente a cada dia. Parabéns para eles.

  • É exatamente isso q eu sinto falta na Intel e na Nvidia. Eles são prepotentes demais com relação a tudo o q fazem, como se fossem os únicos no setor, no caso da Intel q fica na ditadura de um novo soquete cada seis meses praticamente e a Nvidia q ajuda no desenvolvimento de jogos para q os mesmo rodem melhor nas suas próprias placas.

  • A venda do Imageon (que serviu de base pro Adreno nos Snapdragons/Scorpions) foi meio que inevitável.
    A AMD precisava de grana desesperadamente, e a Intel fez o mesmo com o XScale. Acionista/mesa do jeito que enxerga curto, adora pular na onda do que acontece. :p

    O atraso pra responder ao Atom (que a AMD desdenhou durante um bom tempo, e só fechou o Bobcat mesmo quando já havia vendido a Globalfoundries) e a demora pra concluir a fusão talvez tenham pesado mais… Junto com os 2 atrasos.

    Já que estamos tratando de palpites, ofereço mais um:
    – Ao invés de produzir um SoC, a AMD poderia licenciar cores Radeon (como alternativa ao irmão Adreno, GeForce ULV, PowerVR e o próprio Mali da ARM).
    ou talvez uma aproximação indireta por meio da GFoundries, vai saber… Pessoal em Dresden tá correndo feito louco pra adaptar o toolkit deles pra ARM, quem melhor que a AMD pra ajudar nessa hora?

  • Surgiu uma grande duvida:
    O que esse cara foi fazer lá???? APenas fazer charme, uma social, etc?!

    Ele não falou se vai rolar parceria entre AMD e ARM para suprir os processadores dos tablets com win8, pois a ARM não teria capacidade de produção… ou não.
    Tudo isso foi apenas uma suposição.

    • ARM não tem capacidade de produção.
      Atualmente, a maioria dos chips que a gente conhece com ARM (A4, Tegra) é fabricado pela TSMC (a mesma que faz os Bobcat/Zacate/Ontario, Radeons e GeForces).
      Samsung (Exynos/Hummingbird) e Texas (Omap3/4) talvez produzam seus chips ou contratam as foundries.

      De concreto até agora só o fechamento de uma parceria entre a ARM e a GlobalFoundries (a empresa formada pela venda das fábricas da AMD, e a compra da Chartered, de C/Singapura) para adaptar o processo de produção da GF À arquitetura da ARM (para talvez produzir A4/A5s, Tegras, Snapdragons, etc).

    • Scodiero, falei com o Jem depois e comentei a coincidência de o responsável pela ARM no Brasil ter trabalhado na AMD. A resposta dele: "é um mundo pequeno esse dos engenheiros, não?"