Apple Watch Série 6: gerador de hábitos
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Apple Watch Série 6: gerador de hábitos

RESUMO

Apple Watch Série 6: usando o relógio para criar hábitos (e checar a oxigenação do sangue de tempos em tempos).

Minha relação com relógios sempre foi distante. Nunca gostei muito de usar um, mas ocasionalmente tive algumas experiências com relógios inteligentes. Primeiro foi o clássico Pebble (comprado em uma máquina de aeroporto), que nunca gostei muito e hoje segue encostado (e funcional) em alguma gaveta, com as pulseiras quebradas.

Depois, vieram os modelos da Motorola, da Asus, da Apple, da Samsung, da LG, em notícias e reviews. Em 2018, eu testei o Samsung Galaxy Watch e o Apple Watch ao mesmo tempo, e sobraram poucas marcas (das grandes) fazendo relógios espertos. Ficaram mesmo a Samsung, a Apple e as chinesas em geral (Huawei, Xiaomi, Huami e seus relógios e pulseiras inteligentes). A corrida pelos smartwatches se virou para o mundo da saúde e bem-estar, em vez de ser um substituto para o smartphone.

Em 2019 comecei a usar um Huawei Watch (primeiro o GT, depois o GT2), que me levou a começar a correr, depois de anos parado. E voltei a ter uma relação diária com relógios. Correr virou um hábito, mas aí a pandemia aconteceu. E eu parei.

Mês passado a Apple me mandou um Apple Watch Series 6, um dos dois modelos da geração 2020. Esse é o topo de linha, o outro é o Watch SE, com um pouco menos de recursos. E estou usando todo dia, com algumas considerações positivas (mais hábitos!) e outras nem tanto. Ainda não voltei a correr, mas é um próximo passo.

Seu design segue o padrão do Apple Watch desde sempre, um retângulo sensível ao toque com cantos arredondados, um botão e a coroa digital, ou digital crown. Lá atrás eu posso ter achado estranho o desenho dos Apple Watches, mas com o tempo ele cumpriu sua missão de se tornar um produto único, facilmente reconhecível, com pequenos detalhes que diferenciam as gerações.

Aquele frenesi com o mundo da moda em 2014 passou: hoje o Apple Watch é um ícone de bem-estar, saúde e geração de hábitos. O modelo que recebi é um de 44 mm com conectividade LTE (não avaliada aqui) e Wi-Fi, com caixa de alumínio na cor azul (um dos diferenciais dessa família), com a pulseira esportiva.

Uma vez que você usa um Apple Watch, os controles não mudam: um toque no botão da coroa digital abre o menu de apps e suas bolinhas características (um toque mais forte ativa a assistente Siri), um toque no botão lateral alterna entre apps (um toque mais profundo abre a ficha médica/botão de SOS/desligar), a coroa digital serve para navegar entre informações.

Faça um eletrocardiograma em casa

O app Exercício no Apple Watch e o app Saúde no iPhone são as principais centrais de informação e controle de métricas corporais e de exercícios no relógio. Como sigo de quarentena, não usei o Exercício, mas ele é um dos mais completos do mercado – de caminhada a remo, de HIIT a nado em piscina, o Apple Watch dá um jeito de medir os efeitos da sua malhação – a cada ano são mais opções. Mas já falei bastante disso quando comparei o Série 4 com o modelo da Samsung.

Duas coisas me causaram curiosidade no Apple Watch Série 6: o ECG e o medidor de oxigênio no sangue.

O ECG precisa ser habilitado no app Saúde. Com o monte de sensores embaixo do relógio em contato com a pele, o Apple Watch mede seus batimentos cardíacos. Para o recurso de eletrocardiograma, o aplicativo tanto no relógio como no iPhone com mais avisos de que não é um dispositivo médico e que não vai alertar/detectar ataques cardíacos. Você precisa ativar o app e colocar o dedo indicador na coroa digital para realizar o “exame”.

O resultado é uma medição do seu ritmo sinusal – com a opção de adicionar sintomas caso você não esteja se sentindo bem. Aqui, acredito que o mais importante é que o Watch segue monitorando batimentos cardíacos de tempos em tempos e existem vários casos de gente que descobriu problemas antes de algo ruim acontecer com o coração – uma taquicardia, por exemplo.

O Huawei Watch GT2 também tem um medidor de batimentos cardíacos (apenas para monitorar durante o exercício). Alternei entre ele e o Apple Watch e os resultados foram bem parecidos. A comparação é válida também para o medidor de oxigênio no sangue, com resultados muito similares.

A medição de oxigênio no sangue

Em tempos de pandemia global de Covid-19, medir a oxigenação no sangue é um fator importante (mas não dispensa procurar ajuda médica caso tenha algum sintoma da doença). Já tinha isso no Huawei Watch GT2, então não fiquei paranoico de medir toda hora. É um processo rápido, de 15 segundos.

Ainda na questão “ajudando na pandemia”, o Apple Watch Série 6 detecta automaticamente se você está lavando as mãos direitinho e marca um timer de 20 segundos na tela do relógio. É legal e funciona bem, mas vai começar a contar quando você lava louça – ou uma máscara protetora no tanque de casa. Que é diferente de lavar as mãos (e ainda te cobra por que você não terminou de lavar!)

Hábitos

Ter um relógio inteligente como o Apple Watch ajuda, no geral, a criar hábitos. Ele motiva o tempo todo para completar os círculos de atividade – e nem que seja para andar dentro de casa. Te avisa para ficar de pé. Pede para você parar um pouco e respirar, relaxar por um minuto. É um excelente incentivador, falando a verdade.

E o lado “complemento” do iPhone segue importante: vejo notificações do Mensagens, WhatsApp e Telegram na tela, com opção de responder com emojis ou áudio. Controlo música, conecto fones de ouvido, posso gravar conversas/entrevistas (não é o caso de fazer pessoalmente agora, mas é uma possibilidade), chamar Uber, até ver e-mails (dispenso pela tela pequena).

E tem o pequeno detalhe de integração de hardware e software da Apple: com o relógio no pulso, eu desbloqueio meu velho e bom MacBook Pro (2015) e destravo funções no sistema (como senhas e preferências do computador) sem precisar digitar minha senha da máquina. É divertido.

Eu nunca gostei de dormir com relógio no pulso. E não é por causa do monitoramento de sono do Apple Watch que eu estou dormindo. É por conta do despertador: faz menos barulho que o smartphone na cabeceira da cama apitando de manhã. Toca de leve e vibra, e ainda dá para botar mais um tempo de soneca.

Mas o sono também é uma das duas coisas que eu implico com o Apple Watch Série 6. Ele sabe quanto tempo eu estou dormindo. E só. Não diz quanto foi de sono leve, REM, profundo (nisso o da Huawei faz direitinho). É preciso usar um app de terceiros para esse tipo de aprofundamento de informações – curioso que o app Saúde do iPhone tem dados para tudo (até acompanhamento de ciclo menstrual, para as mulheres), mas não mede isso especificamente. Enfim, escolhas.

Minha segunda implicância é com a duração de bateria. Passando 24h no pulso, minha dinâmica tem sido de recarregar o relógio todo dia no final da tarde. A bateria do Apple Watch Série 6 aguenta um dia, com todos os recursos ativados (como a tela Retina Sempre Ativa).

Ah, Henrique, você está implicando. Sim, estou (e olha que reclamei dos três dias da bateria do Samsung Galaxy Watch Active 2). A Apple tem fama de integração excelente entre hardware e software (vide os novos Macbooks com M1) que ajuda na eficiência energética. O Watch não é eficiente ainda (um grande mistério, já que os relógios chineses duram semanas fora do carregador). O Watch GT2, da Huawei, vai para o carregador a cada quinze dias (fazendo exercícios 3x semana, a cada 7 dias).

É esquisito ver um produto da Apple com uma bateria fraquinha – mas dá para manobrar. Desligando a tela sempre ativa e colocando em modo avião na hora de dormir, chego a 48h. Já é um alento.

Um último comentário (que eu já falei para a Apple, por sinal) é que o app Saúde poderia ter uma versão sincronizada com o iCloud e poder ser acessado em um iPad, com tela maior, para analisar resultados. Hoje o Saúde é exclusivo do iPhone.

Escolhas, escolhas

Comprar um Apple Watch hoje – na loja oficial – se resume a três opções: Série 6 (a mais avançada/mais cara), SE (a intermediária) e Série 3 (o modelo de entrada, só em versão GPS).

Todos têm notificações de frequência cardíaca, têm os mesmos recursos de monitoramento de exercícios (que é o motor do Watch, para dizer a verdade) e são resistentes a água, mas só o Série 6 tem o medidor de oxigênio no sangue e a tela sempre ativa.

O Watch Série 3 serve, ao meu ver, para entrar no mundo do Apple Watch, se você já tem um iPhone. O Watch SE é o intermediário de ouro (como o iPhone SE) e o Apple Watch série 6, o topo de linha cheio de recursos avançados. Vale a compra do série 6? Sim – com a indelével lembrança de que ele custa a partir de US$ 399 nos Estados Unidos.

Resumo: Apple Watch Série 6

O que é isso? relógio inteligente que funciona integrado ao iPhone.
O que é legal?  monitoramento de saúde e exercícios físicos impecável, faz eletrocardiograma e mede oxigenação do sangue.
O que é imoral?  bateria precisa ser recarregada todo dia
O que mais? é um excelente despertador também
Eu compraria um?  Sim (pensando no preço em dólar :))
Preço sugerido pela fabricante (e sujeito a mudanças): a partir de R$ 5.299.
Onde encontrar: Apple

Escrito por
Henrique Martin
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